Urbanização e Economia - América Latina
[Questões de Compreensão - P.102]
1) O desenvolvimento da atividade industrial, a modernização do campo, o crescimento natural da população urbana e o processo de metropolização.
2) a) Cuba, Venezuela, Brasil, Argentina, Chile e Uruguai.
b) Guiana e Guiana Francesa.
c) Cidade do México, Lima, São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires.
3) Podemos dizer que o processo de urbanização na América Latina foi excludente, pois, à medida que uma grande parcela da população não teve acesso a moradias adequadas nem aos serviços urbanos essenciais, formou-se uma segregação sócio-espacial no meio urbano. As consequências podem ser observadas hoje no espaço urbano latino-americano com bairros sem muita infra-estrutura urbana básica.
4) Esse desenvolvimento industrial ocorreu pelo fato de que alguns países, a fim de manter o abastecimento de seus mercados, foram obrigados a produzir gêneros que antes eram importados, investindo no desenvolvimento da atividade industrial. Desse modo, as importações de diferentes produtos passaram a ser substituídos pela produção interna.
5) Nesses países, o Estado investiu intensamente no desenvolvimento industrial. Por meio de financiamentos externos, investiu na implantação de indústrias de base, além de proporcionar a infra-estrutura necessária para o desenvolvimento das indústrias.
6) Mesmo os países latino-americanos que mais se industrializaram, como Brasil, México e Argentina, continuam dependentes da transferência de capital e tecnologias dos países desenvolvidos. Isso porque a industrialização promovida sobretudo pelas multinacionais acabou inibindo o desenvolvimento de uma indústria genuinamente nacional.
7) A presença de multinacionais nos países latino-americanos se explica pela existência de várias condições favoráveis ao desenvolvimento dessas empresas, como: o custo reduzido de mão de obra, a existência de matérias-primas em abundância, o grande mercado consumidor e as vantagens oferecidas pelo Estado (como isenção de impostos, financiamentos e subsídios).
8) A relação está no fato de que os gêneros agrícolas e minerais exportados pelos países latino-americanos são pouco valorizados no mercado externo, ao contrário do que ocorre com as mercadorias industrializadas importadas por aqueles países. Isso dificulta a acumulação de riquezas e, consequentemente, o pagamento das dívidas.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Gabarito dos Exercícios - P.95
Espaço Agrário - América Latina
[Questões de Compreensão - P.95]
1) O trecho da letra da música trata do ouro que os europeus exploraram e que os povos indígenas “entregaram”. Os povos indígenas ainda foram obrigados a trabalhar para os colonizadores, além de ser desestruturados cultural e socialmente pelas ações dos conquistadores europeus.
2) A diferença é que, no período colonial, as colônias eram fornecedoras dos produtos mais valorizados nas metrópoles, como o ouro, a prata e outros tipicamente tropicais (especiarias, madeira, açúcar, etc.) servindo ao enriquecimento dessas metrópoles. Atualmente, apesar da independência política, os países latino-americanos continuam sendo, em sua grande marioria, fornecedores de matérias-primas, recursos minerais e produtos agrícolas aos países desenvolvidos.
3) Vários exemplos podem ser citados, entre eles: a existência de monoculturas exportadoras; a presença de elites políticas desde a época da independência; a exploração dos recursos naturais, sobretudo minerais; a composição étnica das populações.
4) Porque existem disparidades no nível de tecnologia empregada nas propriedades, na assistência oferecida pelo governo aos produtores e na concentração fundiária.
5) É uma economia dependente basicamente da exportação de gêneros agrícolas. São exemplos de países que se apoiam nesse tipo de sistema a Nicarágua e o Paraguai.
6) Resposta Pessoal. Verificar a reflexão acerca do preconceito.
7) A reforma agrária é a reorganização do espaço rural que tem como objetivo a distribuição das terras e, ao mesmo tempo, a modernização das pequenas e médias propriedades. Sim, pois na maior parte dos países latino-americanos existe uma grande concentração fundiária.
[Questões de Compreensão - P.95]
1) O trecho da letra da música trata do ouro que os europeus exploraram e que os povos indígenas “entregaram”. Os povos indígenas ainda foram obrigados a trabalhar para os colonizadores, além de ser desestruturados cultural e socialmente pelas ações dos conquistadores europeus.
2) A diferença é que, no período colonial, as colônias eram fornecedoras dos produtos mais valorizados nas metrópoles, como o ouro, a prata e outros tipicamente tropicais (especiarias, madeira, açúcar, etc.) servindo ao enriquecimento dessas metrópoles. Atualmente, apesar da independência política, os países latino-americanos continuam sendo, em sua grande marioria, fornecedores de matérias-primas, recursos minerais e produtos agrícolas aos países desenvolvidos.
3) Vários exemplos podem ser citados, entre eles: a existência de monoculturas exportadoras; a presença de elites políticas desde a época da independência; a exploração dos recursos naturais, sobretudo minerais; a composição étnica das populações.
4) Porque existem disparidades no nível de tecnologia empregada nas propriedades, na assistência oferecida pelo governo aos produtores e na concentração fundiária.
5) É uma economia dependente basicamente da exportação de gêneros agrícolas. São exemplos de países que se apoiam nesse tipo de sistema a Nicarágua e o Paraguai.
6) Resposta Pessoal. Verificar a reflexão acerca do preconceito.
7) A reforma agrária é a reorganização do espaço rural que tem como objetivo a distribuição das terras e, ao mesmo tempo, a modernização das pequenas e médias propriedades. Sim, pois na maior parte dos países latino-americanos existe uma grande concentração fundiária.
Gabarito dos Exercícios
Prezados alunos,
Deixo aqui disponível o gabarito da lista de exercícios - P. 95 (Agricultura) e P. 102 (Urbanização e Economia), ambos sobre a América Latina. Aproveitem para corrigir e rever as questões que apresentaram maior dificuldade.
Bom trabalho!
Um abraço!
Deixo aqui disponível o gabarito da lista de exercícios - P. 95 (Agricultura) e P. 102 (Urbanização e Economia), ambos sobre a América Latina. Aproveitem para corrigir e rever as questões que apresentaram maior dificuldade.
Bom trabalho!
Um abraço!
Expressões do Subdesenvolvimento
Queridos alunos,
Iniciamos a busca por compreender as expressões do subdesenvolvimento, a serem observados na América Latina, África e Ásia. Convém esclarecer que o resultado de um processo histórico de exploração resulta em espaços subdesenvolvidos, ou seja, áreas privilegiadas e áreas com sérias dificuldades dentro de cada uma destas regiões. Por isso, cabe a nós observar o resultado desse processo de exploração, ao mesmo tempo em que procuramos mostrar a maneira pela qual os países economicamente desfavorecidos oferecem contribuições para um mundo em constante transformação. Basta observarmos que boa parte dos produtos consumidos no mundo são produzidos na China (país classificado como "em desenvolvimento"), dada a mão-de-obra farta e barata. Por outro lado, A China tem mostrado todo potencial em crescer economicamente, transformando-se, hoje, na 2˚maior economia do mundo.
Por isso, deixamos uma reflexão no ar: será que nossos países e regiões, mesmo com todas as dificuldades apresentadas, não conseguiriam criar novas possibilidades econômicas, políticas, sociais (geográficas) para um mundo novo que está por vir?
Abraço à todos!
Iniciamos a busca por compreender as expressões do subdesenvolvimento, a serem observados na América Latina, África e Ásia. Convém esclarecer que o resultado de um processo histórico de exploração resulta em espaços subdesenvolvidos, ou seja, áreas privilegiadas e áreas com sérias dificuldades dentro de cada uma destas regiões. Por isso, cabe a nós observar o resultado desse processo de exploração, ao mesmo tempo em que procuramos mostrar a maneira pela qual os países economicamente desfavorecidos oferecem contribuições para um mundo em constante transformação. Basta observarmos que boa parte dos produtos consumidos no mundo são produzidos na China (país classificado como "em desenvolvimento"), dada a mão-de-obra farta e barata. Por outro lado, A China tem mostrado todo potencial em crescer economicamente, transformando-se, hoje, na 2˚maior economia do mundo.
Por isso, deixamos uma reflexão no ar: será que nossos países e regiões, mesmo com todas as dificuldades apresentadas, não conseguiriam criar novas possibilidades econômicas, políticas, sociais (geográficas) para um mundo novo que está por vir?
Abraço à todos!
Apresentação
Olá pessoal, tudo bem?
Sejam bem-vindos ao nosso novo espaço de reflexões geográficas! Nosso objetivo é aprimorar algumas reflexões propostas através da inclusão de textos complementares, reportagem e comentários dos trabalhos apresentados em aula. Você encontrarão, abaixo, uma reflexão inicial sobre as relações entre desenvolvimento e subdesenvolvimento, que servirá de guia para os estudos ao longo da 7ªSérie e 8ªSérie (8˚ e 9˚Anos). Bons estudos e aproveitem!
DESENVOLVIMENTO X SUBDESENVOLVIMENTO
"O subdesenvolvimento não é, como muitos pensam equivocadamente, insuficiência ou ausência de desenvolvimento. O subdesenvolvimento é um produto ou um subproduto do desenvolvimento, uma derivação inevitável da exploração econômica colonial ou neocolonial, que continua se exercendo sobre diversas regiões do planeta" (Josué de Castro).
Os países do Terceiro Mundo são subdesenvolvidos, não por razões naturais - pela força das coisas - mas por razões históricas - pela força das circunstâncias. Circunstâncias históricas desfavoráveis, principalmente o colonialismo político e econômico que manteve estas regiões à margem do processo da economia mundial em rápida evolução.
Na verdade, o subdesenvolvimento não é a ausência de desenvolvimento, mas o produto de um tipo universal de desenvolvimento mal conduzido. É a concentração abusiva de riqueza - sobretudo neste período histórico dominado pelo neocolonialismo capitalista que foi o fator determinante do subdesenvolvimento de uma grande parte do mundo: as regiões dominadas sob a forma de colônias políticas diretas ou de colônias econômicas.
O subdesenvolvimento é o produto da má utilização dos recursos naturais e humanos realizada de forma a não conduzir à expansão econômica e a impedir as mudanças sociais indispensáveis ao processo da integração dos grupos humanos subdesenvolvidos dentro de um sistema econômico integrado. Só através de uma estratégia global do desenvolvimento, capaz de mobilizar todos os fatores de produção no interesse da coletividade, poderão ser eliminados o subdesenvolvimento e a fome da superfície da terra.
O maior de todos esses erros foi considerar o processo do desenvolvimento em toda parte como semelhante ao desenvolvimento dos países ricos do Ocidente. Uma espécie de etnocentrismo conduziu os teóricos do desenvolvimento a assentar as suas idéias e estabelecer os seus sistemas de pensamento em concepções de economia clássica que ignoravam quase totalmente a realidade sócio-econômica das regiões de economia ocidental capitalista, uma economia socialista em elaboração acelerada e uma rede de abastecimento e de venda no resto do mundo. Não se ocupavam, pois, das estruturas econômicas desse resto do mundo, abandonado quer aos sociólogos, quer, antes, aos folcloristas.
Esta tremenda desigualde social entre os povos divide economicamente o mundo em dois mundos diferentes: o mundos dos ricos e o mundo dos pobres, o mundo dos países bem desenvolvidos e industrializados e o mundo dos países proletários e subdesenvolvidos. Este fosso econômico divide hoje a humanidade em dois grupos que se entendem com dificuldade: o grupo dos que não comem, constituido por dois terços da humanidade, e que habitam as áreas subdesenvolvidas do mundo, e o grupo dos que não dormem, que é o terço restante dos países ricos, e que não dormem, com receio da revolta dos que não comem.
Um dos fatores mais constantes e efetivos das terríveis tensões sociais reinantes é o desequilíbrio econômico do mundo, com as resultantes desigualdades sociais. Constitui um dos maiores perigos para a paz o profundo desnível econômico que existe entre os países economicamente bem desenvolvidos de um lado, e de outro lado os países insuficientemente desenvolvidos. Desnível que se vem acentuando cada vez mais, intensificando as dissensões sociais e gerando a inquietação, intranqüilidade e os conflitos políticos e ideológicos.
Ora, o problema do subdesenvolvimento não é exclusivo destes países; é antes um problema universal, que só pode ter soluções igualmente em escala universal. Viver na opulência, num mundo em que 2/3 estão mergulhados na miséria, não é apenas perigoso, é um crime. A tensão social na qual se vive hoje é, na maior parte das vezes, o produto desta conhecida injustiça social, uma vez que os povos dominados tomaram consciência da realidade sócio-econômica do mundo, nesta fase da história da humanidade que vivemos, fase de transformações explosivas, caracterizadas essencialmente por explosões diversas: a explosão psicológica dos povos explorados, não menos perigosa do que a explosão atômica com a qual se abriu uma nova era no nosso planeta: a era atômica.
É urgente restabelecer o equilíbrio econômico do mundo aterrando o largo fosso que separa os países bem desenvolvidos dos países subdesenvolvidos, sem o que é bem difícil que se consiga a verdadeira paz e a tranqüilidade entre os homens. Nenhuma tarefa internacional se apresenta mais árdua, mas ao mesmo tempo mais promissora para o futuro do mundo, do que a do desenvolvimento econômico destas áreas mais atrasadas, onde os recursos naturais e os potenciais geográficos se conservam relativamente inexplorados.
A paz depende mais do que nunca do equilíbrio econômica do mundo. A segurança social do homem é mais importante do que a segurança nacional baseda nas armas.
Igualmente falso é o conceito de desenvolvimento avaliado unicamente à base da expansão da riqueza material, do crescimento econômico. O desenvovimento implica mudanças sociais sucessivas e profundas, que acompanham inevitavelmente as transformações tecnológicas do contorno natural. O conceito de desenvovimento não é meramente quantitativo, mas compreende os aspectos qualitativos dos grupos humanos a que concerne. Crescer é uma coisa; desenvolver é outra. Crescer é; em linhas gerais, fácil. Desenvolver equilibradamente, difícil.
Cada vez se pergunta com mais insistência se desenvolver-se significa desumanizar-se, nesta frenética busca de riqueza, de acordo com a fórmula preconizada pelo Ocidente de maximizar os lucros em vez de maximizar as energias mentais que enriquecem com mais rapidez a vida dos homens e podem dar-lhes muito mais felicidade.
O problema do desenvolvimento do Terceiro Mundo, e mesmo o do mundo inteiro que ainda se apresenta subdesenvolvido sob certos aspectos, é antes de tudo um problema de formação de homens. Se a revolução industrial dominou o século XIX, é a revolução cultural que deve dominar o século XX, isto é, a criação de uma cultura capaz de encontrar verdadeiras soluções para os grandes problemas da humanidade.
O subdesenvolvimento é uma forma de subeducação. De subeducação, não apenas do Terceiro Mundo, mas do mundo inteiro. Para acabar com ele, é preciso educar bem e formar o espírito dos homens, que foi deformado por toda parte. Só um novo tipo de homens capazes de ousar pensar, ousar refletir e de ousar passar à ação poderá realizar uma verdadeira economia baseada no desenvolvimento humano e equilibrado.
As contradições do desenvolvimento são múltiplas. Desenvolvimento significa ao mesmo tempo mutação e disciplina. Mas a disciplina impede muitas vezes a mutação. É o conservantismo das sociedades que alcançaram um auto grau de desenvolvimento, que se tomam como modelo ideal de sociedade e passam a combater o desejo da transformação.
Encarar aspectos isolados do problema na luta contra o subdesenvolvimento parece-nos algo ultrapassado, pois sabemos que as fórmulas tradicionais, as medidas isoladas e as concessões limitadas não bastam. A gravidade do problema requer urgentemente a adoção de uma estratégia global do desenvolvimento, comportamento e medidas convergentes por parte dos países desenvolvidos, assim como dos países em vias de desenvolvimento.
Só há um tipo de verdadeiro desenvolvimento: o desenvolvimento do homem. O homem, fator de desenvolvimento, o homem beneficitário do desenvolvimento. É o cérebro do homem a fábrica de desenvolvimento. É a vida do homem que deve desabrochar pela utilização dos produtos postos à sua disposição pelo desenvolvimento.
Fonte: http://www.josuedecastro.com.br/port/desenv.html
Sejam bem-vindos ao nosso novo espaço de reflexões geográficas! Nosso objetivo é aprimorar algumas reflexões propostas através da inclusão de textos complementares, reportagem e comentários dos trabalhos apresentados em aula. Você encontrarão, abaixo, uma reflexão inicial sobre as relações entre desenvolvimento e subdesenvolvimento, que servirá de guia para os estudos ao longo da 7ªSérie e 8ªSérie (8˚ e 9˚Anos). Bons estudos e aproveitem!
DESENVOLVIMENTO X SUBDESENVOLVIMENTO
"O subdesenvolvimento não é, como muitos pensam equivocadamente, insuficiência ou ausência de desenvolvimento. O subdesenvolvimento é um produto ou um subproduto do desenvolvimento, uma derivação inevitável da exploração econômica colonial ou neocolonial, que continua se exercendo sobre diversas regiões do planeta" (Josué de Castro).
Os países do Terceiro Mundo são subdesenvolvidos, não por razões naturais - pela força das coisas - mas por razões históricas - pela força das circunstâncias. Circunstâncias históricas desfavoráveis, principalmente o colonialismo político e econômico que manteve estas regiões à margem do processo da economia mundial em rápida evolução.
Na verdade, o subdesenvolvimento não é a ausência de desenvolvimento, mas o produto de um tipo universal de desenvolvimento mal conduzido. É a concentração abusiva de riqueza - sobretudo neste período histórico dominado pelo neocolonialismo capitalista que foi o fator determinante do subdesenvolvimento de uma grande parte do mundo: as regiões dominadas sob a forma de colônias políticas diretas ou de colônias econômicas.
O subdesenvolvimento é o produto da má utilização dos recursos naturais e humanos realizada de forma a não conduzir à expansão econômica e a impedir as mudanças sociais indispensáveis ao processo da integração dos grupos humanos subdesenvolvidos dentro de um sistema econômico integrado. Só através de uma estratégia global do desenvolvimento, capaz de mobilizar todos os fatores de produção no interesse da coletividade, poderão ser eliminados o subdesenvolvimento e a fome da superfície da terra.
O maior de todos esses erros foi considerar o processo do desenvolvimento em toda parte como semelhante ao desenvolvimento dos países ricos do Ocidente. Uma espécie de etnocentrismo conduziu os teóricos do desenvolvimento a assentar as suas idéias e estabelecer os seus sistemas de pensamento em concepções de economia clássica que ignoravam quase totalmente a realidade sócio-econômica das regiões de economia ocidental capitalista, uma economia socialista em elaboração acelerada e uma rede de abastecimento e de venda no resto do mundo. Não se ocupavam, pois, das estruturas econômicas desse resto do mundo, abandonado quer aos sociólogos, quer, antes, aos folcloristas.
Esta tremenda desigualde social entre os povos divide economicamente o mundo em dois mundos diferentes: o mundos dos ricos e o mundo dos pobres, o mundo dos países bem desenvolvidos e industrializados e o mundo dos países proletários e subdesenvolvidos. Este fosso econômico divide hoje a humanidade em dois grupos que se entendem com dificuldade: o grupo dos que não comem, constituido por dois terços da humanidade, e que habitam as áreas subdesenvolvidas do mundo, e o grupo dos que não dormem, que é o terço restante dos países ricos, e que não dormem, com receio da revolta dos que não comem.
Um dos fatores mais constantes e efetivos das terríveis tensões sociais reinantes é o desequilíbrio econômico do mundo, com as resultantes desigualdades sociais. Constitui um dos maiores perigos para a paz o profundo desnível econômico que existe entre os países economicamente bem desenvolvidos de um lado, e de outro lado os países insuficientemente desenvolvidos. Desnível que se vem acentuando cada vez mais, intensificando as dissensões sociais e gerando a inquietação, intranqüilidade e os conflitos políticos e ideológicos.
Ora, o problema do subdesenvolvimento não é exclusivo destes países; é antes um problema universal, que só pode ter soluções igualmente em escala universal. Viver na opulência, num mundo em que 2/3 estão mergulhados na miséria, não é apenas perigoso, é um crime. A tensão social na qual se vive hoje é, na maior parte das vezes, o produto desta conhecida injustiça social, uma vez que os povos dominados tomaram consciência da realidade sócio-econômica do mundo, nesta fase da história da humanidade que vivemos, fase de transformações explosivas, caracterizadas essencialmente por explosões diversas: a explosão psicológica dos povos explorados, não menos perigosa do que a explosão atômica com a qual se abriu uma nova era no nosso planeta: a era atômica.
É urgente restabelecer o equilíbrio econômico do mundo aterrando o largo fosso que separa os países bem desenvolvidos dos países subdesenvolvidos, sem o que é bem difícil que se consiga a verdadeira paz e a tranqüilidade entre os homens. Nenhuma tarefa internacional se apresenta mais árdua, mas ao mesmo tempo mais promissora para o futuro do mundo, do que a do desenvolvimento econômico destas áreas mais atrasadas, onde os recursos naturais e os potenciais geográficos se conservam relativamente inexplorados.
A paz depende mais do que nunca do equilíbrio econômica do mundo. A segurança social do homem é mais importante do que a segurança nacional baseda nas armas.
Igualmente falso é o conceito de desenvolvimento avaliado unicamente à base da expansão da riqueza material, do crescimento econômico. O desenvovimento implica mudanças sociais sucessivas e profundas, que acompanham inevitavelmente as transformações tecnológicas do contorno natural. O conceito de desenvovimento não é meramente quantitativo, mas compreende os aspectos qualitativos dos grupos humanos a que concerne. Crescer é uma coisa; desenvolver é outra. Crescer é; em linhas gerais, fácil. Desenvolver equilibradamente, difícil.
Cada vez se pergunta com mais insistência se desenvolver-se significa desumanizar-se, nesta frenética busca de riqueza, de acordo com a fórmula preconizada pelo Ocidente de maximizar os lucros em vez de maximizar as energias mentais que enriquecem com mais rapidez a vida dos homens e podem dar-lhes muito mais felicidade.
O problema do desenvolvimento do Terceiro Mundo, e mesmo o do mundo inteiro que ainda se apresenta subdesenvolvido sob certos aspectos, é antes de tudo um problema de formação de homens. Se a revolução industrial dominou o século XIX, é a revolução cultural que deve dominar o século XX, isto é, a criação de uma cultura capaz de encontrar verdadeiras soluções para os grandes problemas da humanidade.
O subdesenvolvimento é uma forma de subeducação. De subeducação, não apenas do Terceiro Mundo, mas do mundo inteiro. Para acabar com ele, é preciso educar bem e formar o espírito dos homens, que foi deformado por toda parte. Só um novo tipo de homens capazes de ousar pensar, ousar refletir e de ousar passar à ação poderá realizar uma verdadeira economia baseada no desenvolvimento humano e equilibrado.
As contradições do desenvolvimento são múltiplas. Desenvolvimento significa ao mesmo tempo mutação e disciplina. Mas a disciplina impede muitas vezes a mutação. É o conservantismo das sociedades que alcançaram um auto grau de desenvolvimento, que se tomam como modelo ideal de sociedade e passam a combater o desejo da transformação.
Encarar aspectos isolados do problema na luta contra o subdesenvolvimento parece-nos algo ultrapassado, pois sabemos que as fórmulas tradicionais, as medidas isoladas e as concessões limitadas não bastam. A gravidade do problema requer urgentemente a adoção de uma estratégia global do desenvolvimento, comportamento e medidas convergentes por parte dos países desenvolvidos, assim como dos países em vias de desenvolvimento.
Só há um tipo de verdadeiro desenvolvimento: o desenvolvimento do homem. O homem, fator de desenvolvimento, o homem beneficitário do desenvolvimento. É o cérebro do homem a fábrica de desenvolvimento. É a vida do homem que deve desabrochar pela utilização dos produtos postos à sua disposição pelo desenvolvimento.
Fonte: http://www.josuedecastro.com.br/port/desenv.html
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